Doença do Carrapato – Raio-X Completo da Patologia

Doença do Carrapato – Raio-X Completo da Patologia

Doença do carrapato: confira as formas de transmissão, o que é, sintomas, diagnóstico preciso e maneiras de prevenir e tratar a doença do carrapato corretamente

  • Esse texto é meramente informativo. A Rede Pet Fisio não trabalha com clínica geral. Oferecemos tratamento para reabilitação de cães com problemas neurológicos, ortopédicos e em programas de emagrecimento.

A hemoparasitose, ou popularmente conhecida doença do carrapato, é uma das formas de infecções que mais preocupam tutores e profissionais da medicina veterinária, pois, apesar dos avanços nas formas de combate ao avanço dos sintomas e consequências da patologia, a enfermidade ainda costuma causar a morte de uma parcela dos pets infectados.

A doença do carrapato é mais comumente transmitida pelo rhipicephalus sanguineus, o famoso carrapato marrom, que se aloja no corpo do cachorro e se alimenta de seu sangue. Porém, é bom ressaltarmos que essa patologia pode se apresentar de duas formas: a erlichiose (ou erliquiose) e babesiose, que podem ou não acometer o pet juntas.

O que é a erliquiose e babesiose?

A erliquiose pode ser compreendida como uma doença infecciosa severa causada por bactérias do gênero ehrlichia que atacam os glóbulos brancos do cão. É uma doença que se alastra mais comumente durante longos períodos de calor, já que os carrapatos necessitam desse tipo de clima para se reproduzir.

A babesiose, por sua vez, é causada pelo protozoário babesia canis e babesia gibsoni, invadindo e destruindo os glóbulos vermelhos do pet (responsáveis pela circulação de oxigênio no sangue), causando anemia, fraqueza, depressão e outros sintomas que veremos a seguir.

Como é a transmissão da doença do carrapato em cachorro?

A transmissão da doença do carrapato se dá de um cão contaminado para um cão sadio através da mordida do carrapato. Como dito anteriormente, o principal vetor dessa patologia é o carrapato marrom (rhipicephalus sanguineus), que, após o ato da mordida, infecta os glóbulos brancos do sangue do pet, atingindo as células de defesa do organismo do cão.

Como falamos, a doença do carrapato pode ser transmitida através da erliquiose ou babesiose, atingindo células brancas (preciosas na luta contra infecções) e células vermelhas (extremamente necessárias para o transporte de oxigênio no corpo), podendo atingir também as plaquetas (necessárias para ajudar a formar coágulos sanguíneos).

De forma resumida, o carrapato é infectado quando se alimenta do sangue de um cachorro com a doença do carrapato. Uma vez ingeridas as bactérias, essas se instalam e contaminam os ovos que serão postos pelo carrapato fêmea. Ao contaminarem os ovos, larvas e ninfas, esses protozoários se fixam nas glândulas salivares do carrapato adulto e se multiplicam nesse local. Assim, quando esse carrapato contaminado for sugar o sangue do próximo hospedeiro (cão), este irá se infectar.

Doença do carrapato em humanos e gatos

É bem verdade que o carrapato do cão é encontrado com facilidade no meio ambiente, mesmo esse parasita sendo muito sensível à claridade, seja em muros, telhados, canis, batentes de porta, cascas de árvores, troncos, folhas, plantas e residências em geral. Porém, os humanos e felinos dificilmente servirão de hospedeiros desses carrapatos, pois para serem infectados pela doença, seja ela erliquiose ou babesiose, é preciso que o carrapato fique fixado em sua pele por, no mínimo, 4 horas. Isso dificulta a ação do carrapato, já que assim que picados, nossa primeira reação é retirar o parasita do corpo. Os felinos, por sua vez, costumam sempre manter sua higiene e dificilmente são surpreendidos pelo carrapato marrom.

Os cães, pelo contrário, possuem certa dificuldade em combater a ação do carrapato, dependendo de uma verificação e cuidados mais atenciosos de seus tutores para evitar a proliferação e ação desse tipo de bactéria.

É importante ressaltar que os carrapatos não vivem sem um hospedeiro, pois precisam de seu sangue para sobreviver, sugando-o até que fiquem saciados. Após se saciarem, os carrapatos se soltam do hospedeiro até que precisem de sangue novamente, partindo em busca de outro animal cujo sangue possa servir de alimento.

Sintomas da doença do carrapato

Mas, afinal, quais os sintomas da doença do carrapato? Vejamos:

1 – Sintomas da erliquiose: os sintomas apresentados por um animal infectado pela erliquiose irá depender da reação do organismo a essa infecção, que pode ocorrer em três fases:

  • Fase aguda (estado em que o pet ainda pode transmitir a doença e ainda pode ter carrapatos sob sua pele): perda de peso, falta de apetite, febre e um certo desânimo podem surgir entre uma e três semanas após a infecção. Além disso, o cão também pode apresentar certo sangramento nasal, urinário, vômitos, manchas avermelhadas na pele e dificuldades respiratórias. É importante sempre estar atento ao estado de saúde do animal. Afinal, os tutores costumam perceber a patologia só em sua segunda fase e, assim como a maioria das patologias, o diagnóstico precoce é essencial para uma recuperação mais veloz;
  • Fase subclínica (dura, em média, de 6 a 10 semanas, podendo permanecer por um período maior): os pets costumam não mostrar nenhum sintoma clínico, mas alterações nos exames de sangue. Em alguns casos é possível que o cachorro apresente sintomas como inchaço nas patas, mucosas pálidas, perda de apetite, sangramentos, cegueira e outros. Nesse estágio, quando não tratado ou descoberto e o sistema imune do pet não seja capaz de eliminar a bactéria, é comum que ele avance para a fase crônica da doença;
  • Fase crônica: os sintomas são facilmente percebidos através da perda de peso, abdômen sensível e dolorido, aumento dos linfonodos, fígado e baço, depressão, edemas nos membros, pequenas hemorragias e sistema imunológico frágil, facilitando o aparecimento de outras infecções. São sinais bem parecidos com a fase aguda, porém atenuados, podendo surgir com a presença de infecções secundárias como diarreias, pneumonias, problemas de pele e outros. Além disso, o animal também pode apresentar sangramentos crônicos devido ao baixo número de plaquetas, cansaço e apatia devidos à anemia.

2 – Sintomas da babesiose: muitas infecções por babesia são inaparentes nos cães, pois estes conseguem combater o avanço da bactéria antes que ela ataque com mais força. Em alguns casos, inclusive, os sintomas clínicos só se tornam aparentes após um esforço físico esgotante, cirurgias ou no aparecimento de infecções secundárias.

A infecção por babesios faz com que a presença desses parasitas no sangue aconteça dentro de um ou dois dias, perdurando por cerca de quatro dias. Os microorganismos, então, vão desaparecendo do sangue por um período de dez a quatorze dias, ocorrendo uma segunda infestação dos parasitas, dessa vez mais intensa e visível.

Os sintomas mais típicos da babesiosa envolvem: fraqueza, febre, depressão, icterícia (pigmentação da pele e mucosas amareladas), falta de apetite, membranas mucosas pálidas e esplenomegalia (aumenta do baço). Além disso, é possível que o pet apresente perturbações de coagulação e nervosas.

É muito importante sempre avaliarmos o comportamento de nossos cães, principalmente os que estão constantemente em contato com outros animais e em áreas de fácil contaminação. Se o cão de repente apresentar-se prostrado, triste, apático, sem ânimo e com atitudes nada comuns, é fundamental que investiguemos o que está ocorrendo.

Como é feito o diagnóstico da doença do carrapato?

O diagnóstico da doença do carrapato é feito através da identificação dos micro-organismos da babesia nas hemácias em esfregaços sanguíneos corados. Contudo, nem sempre esses micro-organismos podem ser facilmente encontrados nos esfregaços sanguíneos e, nestes casos, podem ser realizados testes sorológicos para a confirmação da doença.

O diagnóstico é de difícil constatação em seu início de infecção, pois os sintomas são semelhantes a várias outras doenças, entre elas a Cinomose. Claro, a presença do carrapato é relevante para a confirmação da suspeita durante a avaliação clínica, sendo que quanto mais cedo diagnosticada a doença, maiores são as chances de recuperação.

Doença do carrapato: tratamento!

Mas, afinal, a doença do carrapato tem cura?

Vejamos as formas de tratamento para erliquiose e babesiose:

1 – Tratamento erliquiose: é tratável em qualquer fase. O tratamento é feito à base de medicamentos, sobretudo antibióticos (em especial a doxiciclina). Por vezes é necessária a complementação do tratamento com soro ou transfusão de sangue, dependendo do estado do animal.

O tratamento pode durar de 21 dias (se iniciado em sua fase aguda) a 8 semanas (quando iniciado na fase crônica). Isso dependerá da precocidade do diagnóstico, do quadro de sintomas e da fase em que o animal se encontra no início do tratamento. De qualquer forma, quanto mais cedo o início do tratamento, maiores são as chances de cura. Em cães que iniciam o tratamento nas fases iniciais, observa-se melhora do quadro clínico após 24 a 48 horas do início do tratamento.

2 – Tratamento babesiose: abrange duas questões, o combate ao parasita e a correção dos problemas decorrentes da infecção por este parasita (como a insuficiência renal e anemia, por exemplo).

Atualmente já é possível encontrar os piroplasmicidas (ou babesicidas), capazes de destruir o parasita. O tratamento das complicações da doença consiste na cura da insuficiência renal e das demais complicações da doença.

As complicações mais graves, como a insuficiência renal e anemia aguda, são as principais causas de óbito pela doença do carrapato. Por isso a importância do diagnóstico precoce!

Melhor forma de prevenir a doença do carrapato

A melhor forma de prevenir a doença do carrapato é através dos cuidados com o pet, aplicando carrapaticidas frequentemente no próprio cão (sprays, banhos, coleiras anti-parasitas, medicamentos orais e outros) e o local onde ele vive. Nisso inclui-se manter a grama do jardim sempre curta, aplicando “vassoura de fogo” ou “lança chamas” nos muros, canis, batentes, chão e outros, eliminando todas as fases do carrapato (ovos, larvas, ninfas e adultos).

É importante ressaltar que a remoção do carrapato por si só não é recomendada, isso porque frequentemente acontece de tirarmos apenas uma parte do corpo e o resto do parasita continuar no cão, podendo causar infecções.

O ideal é a aplicação de gotas de vaselina ou parafina ao redor, esfregando-o um pouco até que amacie a pele para depois retirá-lo suavemente. Após remover o carrapato, é essencial colocá-lo no álcool para que morra e não escape nenhum ovo. Sempre lave as mãos depois de manipulá-los.

Abaixo, um guia básico para prevenir carrapatos em cachorro:

  • Verifique a presença de carrapatos no cão com frequência (as regiões preferidas são orelhas, entre os dedos das patas, próximo aos olhos, nuca e pescoço);
  • Desinfete o ambiente onde o animal vive periodicamente;
  • Use produtos veterinários carrapaticidas como sabonetes, xampus e outros;
  • Mantenha a grama do jardim sempre curta;
  • Esteja atento a hotéis e outros locais de comum circulação do seu cachorro, pois a contaminação se dá pela transmissão de um carrapato de outro cão ao seu;
    Aplique as pipetas anti-pulgas e carrapatos mensalmente para evitar o aparecimento da doença do carrapato.