Hiperadrenocorticismo (HAC) ou hipercortisolismo ocorre quando há o aumento dos níveis plasmáticos de cortisol livre na circulação. O principal glicocorticóide liberado pelas glândulas adrenais é o cortisol. A exposição prolongada dos níveis plasmáticos de cortisol leva a sintomas e sinais chamados de síndrome de Cushing. Cerca de 80% dos casos de HAC espontâneo em cães e gatos é causado pelo excesso de outro hormônio liberado pela hipófise chamado ACTH decorrente de adenoma de hipófise. Na maioria dos outros casos o excesso de cortisol é causado por tumor de adrenal.
O cortisol tem ação em quase todos os tecidos e em muitos processos fisiológicos que incluem as células sanguíneas e funções imunológicas. O excesso de cortisol causará alterações no metabolismo como a produção de glicose e tecido adiposo a partir de proteínas. Nos cães as características físicas mais importantes são a obesidade, atrofia dos músculos e da pele.
Sinais conhecidos de HAC são intolerância ao exercício, pelagem rala, alopecia, pele fina e enrugada. A atrofia na pele e a supressão do sistema imunológico aumentam a suscetibilidade a lesões e infecções de pele. O outro sinal importante da doença é o aumento das micções decorrente da liberação de vasopressina prejudicada. Pode ocorrer infeções de urina.
Entretanto, a liberação excessiva de cortisol não se limita somente a liberação de glicose e energia para os músculos, impactando funções importantes do organismo do pet como a pressão arterial, o equilíbrio de eletrólitos (sais minerais), função imune e o metabolismo ósseo e gorduroso.
Todo esse impacto negativo em diferentes funções importantes do organismo dos pets pode resultar em uma infinidade de sérios problemas de saúde, como:
· Hipertensão, podendo resultar em doenças cardiovasculares;
· Hiperglicemia, que pode levar à diabetes;
· Adelgaçamento (afinamento) da pele e má condição de pelagem;
· Fome extrema por queima de toda glicose que sobra;
· Redução de massa muscular e óssea;
· Aumento de risco para infecções.
Os sintomas mais comuns observados em cães com hiperadrenocorticismo incluem:
Ainda existem outros sintomas, menos comuns, como a fraqueza nos membros traseiros e formação de coágulos de sangue.
Muitos cães com a doença de Cushing podem ser diagnosticados com doença hepática de forma errônea. O que ocorre é que o fígado do animal que sofre com hiperadrenocorticismo fica sobrecarregado pelo processo intenso de produção de cortisol na circulação sanguínea, causando elevação das enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA).
O diagnóstico é tipicamente realizado por exames de sangue como o teste de estimulação com ACTH e o teste de supressão com uma dosagem baixa de dexametasona. Ambos requerem pelo menos duas coletas de sangue para comparação de níveis de cortisol no corpo.
Apesar de ser difícil de obter um diagnóstico preciso e rápido, quando é confirmado o hiperadrenocorticismo, o veterinário irá querer determinar se é dependente da glândula adrenal ou da hipófise.
Cerca de 85% dos cães que apresentam Doença de Cushing desenvolvem a forma dependente da hipófise, na qual a glândula hipófise – a “glândula mestre” no cérebro – envia um excesso de hormônio estimulante às adrenais. As adrenais respondem secretando uma quantidade excessiva de cortisol. Nos demais 15% dos casos dependentes da adrenal, um tumor se desenvolve em uma das glândulas adrenais e deflagra uma superprodução de cortisol no corpo do animal.
Como mencionado anteriormente, é muito raro encontrarmos gatos com a doença de Cushing. Nos casos dos cães, existem raças geneticamente predispostas a essa doença, como os Terriers (Yorkshires, Silkies, Bull Terriers e Boston Terriers), Poodles, Dachshunds e American Eskimo Dogs/Spitz.
Identificar o hiperadrenocorticismo o mais cedo possível é reduzir o risco do seu pet adquirir a doença de forma total. Para isso, sempre tenha em mãos cópias dos exames de sangue solicitados pelos veterinários nos check-ups realizados pelo seu pet. Com isso, você terá um histórico completo dos níveis de cortisol do seu pet, ajudando na identificação mais correta da doença.
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