Bull Terrier – História e Saúde
Bull terrier: compreenda essa complexa raça, suas virtudes e necessidades, patologias e lesões mais comuns e tratamentos mais eficientes para sua recuperação saudável
O Bull Terrier é uma raça vigorosa, bastante ativa e extraordinariamente leal aos seus tutores. Porém, trata-se de um cão que exige disciplina e bastante atenção de seus donos. Como todo cão cheio de energia, é necessário saber que existe uma demanda comportamental em sua criação, principalmente quando se fala em agressividade ou excessiva timidez. Não se trata de uma questão de medo, mas de observação e correção, ou adestramento com ajuda profissional com o intuito de evitar contratempos de sua própria natureza.
Sua história se inicia oficialmente em meados de 1850, na Inglaterra. James Hinks foi o responsável pela padronização da raça, isto é, da equação de seu cruzamento (entre o antigo Buldogue, English White Terrier e Dálmata). Hinks logo notou a tendência de desenvolvimento constante da raça e concluiu que seria necessário estimular seu equilíbrio físico e emocional para tornar essa raça sociável e familiar.
É um cão que não exige exatamente um tutor que apenas o leve para passear, mas requer um líder que saiba direcionar regras e comandos para aprender comportamentos adequados, consequentemente extraindo sua melhor versão. Disciplina e obediência trazem felicidade ao Bull Terrier, claro, não confundindo tais fatores com comandos agressivos e castigos exacerbados, pois isso só estimulará sua conduta negativa.
O Bull Terrier possui tons versáteis de pelagem, desde branco, preto, vermelho e fulvo (tom semelhante ao marrom claro) ou tricolor. São cães médios que podem chegar até 31 kg, com altura entre 53-55 cm, e com expectativa de vida de 12 a 13 anos.
Bull terrier: principais afecções e tratamentos
A displasia é caracterizada pela incongruência e degeneração da articulação da bacia (acetábulo) com a cabeça do fêmur, provocando dores na região do quadril, artrose, manqueira (claudicação), atrofia muscular e, dependendo da severidade da patologia, provocar dificuldades de locomoção.
É uma doença comumente hereditária, porém, pode também também ser desenvolvida por fatores externos como obesidade, alterações posturais, convivência com pisos lisos por longos períodos, entre outros.
O diagnóstico da displasia coxofemoral em Bull Terrier é feito através de exames radiográficos com sedação, que podem ser realizados desde os 4 meses de vida do pet, em diferentes métodos de raio-x. O diagnóstico definitivo, quando hereditário, acontece aos 2 anos de idade.
É importante ressaltar que a displasia coxofemoral não possui uma cura definitiva, tendo como objetivo em seu tratamento a redução da dor, progressivamente diminuindo a doença articular. Para isso, o planejamento de um programa eficaz para manter ou restaurar a sua função normal articular é importantíssimo, sempre analisando o contexto do paciente em reabilitação, seu grau de desconforto, idade e possíveis severidades clínicas extras.
Os diferentes exercícios e métodos de reabilitação são eficientes no retorno das funções articulares e aumento de força muscular dos membros pélvicos com atividades de baixo impacto que evitam mais estresse ao animal. A hidroterapia com esteira aquática, natação, caminhadas controladas, acupuntura, ozonioterapia e quiropraxia são algumas eficientes técnicas empregadas nos programas de recuperação de cães com displasia.
2 – Hérnia de disco:
Doença caracterizada pela degeneração dos discos intervertebrais, sendo que a maioria dos casos localizam-se na região tóraco-lombar. Pode ser dividida em 3 graus:
- Grau 1 de hérnia discal: princípio dos ciclos de dores é possível notar que o pet opta por abaixar sua cabeça e curvar as costas para tentar aliviar a dor, podendo até manifestar sua insatisfação através de uivos e latidos, dependendo da personalidade;
- Grau 2 e 3 de hérnia de disco: é possível notar sua perda gradual de equilíbrio, o que impede que se mova corretamente. Sua postura e mobilidade irão parecer mais estranhas do que a usual. Em casos mais críticos, o animal costuma sofrer com incontinência urinária e fecal;
- Grau 4 de hérnia de disco: sua sensibilidade também é afetada, principalmente em suas extremidades. O paciente está paralisado mas continua apresentando a dor profunda.
- Grau 5 de hérnia de disco: Paciente está paralisado sem sensibilidade profunda nos membros.
O diagnóstico de Bull Terrier com hérnia de disco se dá através de exames clínicos, neurológicos, radiografia e exames mais modernos como a tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Os exames procuram identificar a doença, o local exato da hérnia e qual é o grau de lesão do local atingido para que o tratamento planejado seja o mais eficaz para uma recuperação gradual e saudável. A fisioterapia veterinária tem papel fundamental na reabilitação de pets com hérnia de disco seja como tratamento base ou pós-operatório, trabalhando o controle de processo inflamatório, melhorando a dor, auxiliando o ganho de massa muscular e o reestabelecimento da mobilidade natural do pet. Dentre as principais técnicas utilizadas estão: eletroterapia, laserterapia, hidroterapia, acupuntura e outros.
3 – Luxação de patela:
Ocorre quando há o desencaixe das articulações da região do joelho, causando muita dor e grande perda de mobilidade. O problema pode ser considerado comum na ortopedia veterinária, principalmente em raças agitadas como o Bull Terrier.
A luxação patelar pode ser congênita ou desenvolvida em função de um trauma, sendo possível sua prevenção apenas quando há origem em algum tipo de acidente, já que nos casos em que o animal já nasça com a patologia é preciso o aparecimento dos sintomas para que o tratamento adequado seja iniciado, sendo adequado a castração de pets com luxação patelar congênita para que a doença não se propague em seus descendentes.
Em função desse problema (que pode se manifestar em diferentes níveis de gravidade como veremos a seguir), podem também se desenvolver outros tipos de complicações ortopédicas, como a artrose. Como a mecânica da região patelar altera todo funcionamento do membro do cão, é possível considerar que, em função desse tipo de luxação podem se desencadear outros problemas como a displasia coxofemoral ou até a luxação coxofemoral, fazendo com que o animal nem mesmo consiga apoiar suas patas no chão.
O início da luxação patelar também traz consigo o desvio da tíbia, sendo que nos casos de luxação patelar medial (parte interna do joelho), a crista da tíbia começa a virar para o meio das pernas, enquanto que nos casos de luxação patelar lateral (na parte externa do joelho), a tíbia passa a se deslocar para o lado de fora do membro. O desvio da tíbia em relação ao fêmur produz grande desgaste do menisco (estrutura articular em relação aos ossos) e, com isso, um grande nível de dor acomete o pet.
A palpação é o principal meio de diagnosticar a existência de um quadro de luxação patelar em Bull Terrier. No entanto, o acompanhamento de exames de imagem como o raio-x são de extrema importância para garantir que o nível de degeneração da região patelar possa ser investigado com mais profundidade, averiguando as condições articulares, excluindo ou não, a possibilidade de displasias ou luxações coxofemorais.
Os pacientes com grau I e II de luxação de patela apresentam ótimos resultados apenas com a introdução de técnicas de fisioterapia veterinária, muitas vezes evitando até a intervenção cirúrgica.
Em qualquer caso, a fisioterapia veterinária através das diferentes técnicas e métodos garantem aos cães uma recuperação mais completa, desde o emagrecimento até o fortalecimento muscular, articular, de mobilidade e confiança.
Os métodos que passam desde hidroterapia veterinária (uso de esteiras aquáticas para a diminuição de impacto e melhor adaptação na recuperação de movimentos), até a acupuntura (controle de dor e melhora de recuperação muscular), são programas eficazes de reabilitação de cães com luxação de patela.
4 – Hemivértebra:
Caracterizada por anomalias congênitas que ocorrem na região da coluna tóraco-lombar, causando sintomas de lesão de neurônio motor superior em membros pélvicos. Em outras palavras, trata-se de uma falha na formação da vértebra durante o desenvolvimento do animal.
A hemivértebra em Bull Terrier pode ser causada por quatro tipos de defeitos:
1 – Aplasia ventral e unilateral;
2 – Aplasia ventral;
3 – Aplasia ventral e medial;
4 – Hipoplasia ventral.
As aplasias ventral e unilateral costumam ser as mais instáveis e tendem a destruir dorsalmente, causando compressão ventral da medula espinhal. As anomalias ventrais causam cifose (desvio da coluna vertebral, habitualmente localizado na região torácica que abrange poucas ou muitas vértebras), ao passo que as anomalias unilaterais causam escoliose (curvatura lateral da coluna vertebral, que pode ser única ou múltipla e fixa ou móvel).
Os cães podem apresentar uma única hemivértebra ou múltiplas, que podem ser sequenciais ou distribuídas pela coluna vertebral. Normalmente a hemivértebra única representa um pouco mais que metade dos casos relatados.
O diagnóstico deve ser realizado através da anamnese (análise do histórico de saúde do pet), exame físico e exames de imagem. Além disso, o teste de panículo e a palpação da coluna vertebral auxiliam na localização da lesão.
O tratamento pode ser conservativo (nos casos de não progressividade da doença), que geralmente se estabiliza com o término do crescimento do esqueleto, ou cirúrgico (em casos de sintomas progressivos). O objetivo da cirurgia é a estabilização da coluna vertebral, com ou sem descompressão medular e não a correção da angulação da coluna vertebral. Quando ocorre a descompressão convencional sem estabilização vertebral pode desestabilizar a hemivértebra, causando uma subluxação vertebral.
Os tratamentos conservativos e os de recuperação pós-operatória passam pelas técnicas de fisioterapia veterinária. Seja na utilização de agentes físicos como massagens, acupuntura e laserterapia para combate a dor e inflamação, como na utilização de esteiras aquáticas na hidroterapia veterinária, a fisioterapia veterinária é essencial para o fortalecimento muscular, recuperação de mobilidade e confiança do pet, impedindo de forma gradual e saudável a progressividade da doença.
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